quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Inversão de papéis (ou quem informa quem?)

Acabo de ver no Twitter: 

Um jornal pedindo informações para seus leitores? 

Claro que sim! Com as redes sociais as fontes de informação se ampliaram. E os jornais (que não tem o dom da onipresença) podem e devem se utilizar dos seus seguidores para colher informações e repassá-las para o maior número de pessoas. 

Acredito que cada vez mais as pessoas irão se utilizar dessas informações capilares, ou desses micro detalhes para se informar. 

E acredito que cada vez mais os canais de mídia deverão utilizar essas informações prestadas por quem está no local, no exato instante dos acontecimentos, para melhor informar seus leitores. 

Mais do que nunca a informação será uma via de mão dupla. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Santa Maria e a burocracia

Como acontece sempre depois das tragédias, grandes ou pequenas, estão todos caçando os culpados.

E um dos suspeitos é um mísero papel: o Alvará de Funcionamento. Estava vencido ou não?

Vou usar uma lógica linear: se a discussão é sobre estar vencido ou não, isso significa que a boate recebeu um Alvará algum dia, ou seja, alguém permitiu que uma casa destinada a receber até 1000 pessoas num evento, funcionasse com apenas uma saída para todo esse povo!!! Em outras palavras: qualquer coisa que acontecesse com essa única saída, a casa de diversões se transformaria numa armadilha.

Não sei se isso é legal ou se é tecnicamente correto.

Para mim isso parece ser apenas estúpido. (segunda atualização: o UOL acaba de informar (29/01/13 - 15:00 hs.) que um decreto lei de 1998 obrigava casas como essas no RS a terem DUAS saídas, coisa que a lógica mais elementar recomenda. Ou seja o Alvará de funcionamento anterior foi concedido contrariando a legislação pertinente. Conclusão....)

Então penso que os caçadores de culpados deveriam procurá-los em outros lugares: numa legislação falha e numa fiscalização ineficiente, pois de nada importa um estabelecimento estar de acordo com a legislação hoje mas amanhã, graças a reformas e adaptações, ficar fora dos padrões.

O problema é que isso chama-se "prevenção", esporte pouco praticado por nós que preferimos caçar os culpados depois que a tragédia aconteceu.

Atualização

O UOL publicou a matéria " "Autoridades brasileiras não aprenderam nada em 52 anos", diz autor de livro sobre maior incêndio do Brasil " (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/01/29/basta-passar-a-comocao-inicial-que-os-erros-se-repetem-diz-autor-de-livro-sobre-maior-incendio-do-brasil.htm) de onde tirei os seguintes trechos: 


Autor do livro "O espetáculo mais triste da Terra: o incêndio do Gran Circo Norte-Americano", o jornalista Mauro Ventura afirmou ao UOL que a tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS), na madrugada deste domingo (27) --que vitimou mais de 230 jovens--, é um indício de que as autoridades brasileiras "não aprenderam nada nos últimos 52 anos".

Na tarde do dia 17 de dezembro de 1961, mais de 500 pessoas morreram enquanto o Gran Circo Norte-Americano, situado em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, era consumido pelas chamas. Esse foi o incêndio mais mortal na história do país. 


"Basta passar a comoção inicial que os erros se repetem. O que mais impressiona é que parece que essas tragédias ocorrem em vão. (...) Naquela ocasião, foram mais de 500 vítimas. As autoridades não aprenderam nada nos últimos 52 anos. Sempre se fala em fatalidade, que é uma palavra muito cômoda para esconder os problemas", disse.

"Conforme o tempo passa, a memória das pessoas vai se apagando, as regras vão se afrouxando e a impunidade continua"

Aí o autor do livro traça um paralelo entre os dois acontecimentos: 


"O circo tinha apenas uma porta para entrada e saída, da mesma forma que a boate. Não havia nenhuma porta de emergência. O Gran Circo também não possuía extintores de incêndio, o material utilizado para fabricar a lona era altamente inflamável [a perícia mostrou que a lona era feita com algodão revestido por uma camada de parafina, e não de náilon, como propagava o então dono do circo, Danilo Stevanovich, morto em 2001]. No caso da boate, os extintores não funcionaram, pelas primeiras notícias que recebemos, e o teto foi rebaixado para instalação de isolamento acústico que utilizava material inflamável. Enfim, nos dois casos, não havia um sistema anti-incêndio", argumentou ele, lembrando ainda o fato de que o circo utilizava, em 1961, grades de ferro para controle de acesso.

"Da mesma forma que se as saídas da boate não tivessem obstruídas por seguranças, talvez a tragédia fosse muito menor. No circo, quem conseguiu escapar do fogo acabou morrendo ou asfixiado ou pisoteado", completou.

Agora é só ficar esperando acontecer novamente.